Quais as Diferenças entre Dor Aguda e Dor Crônica

A dor é uma experiência comum a todos nós, e todos já a sentiram em algum momento de suas vidas. No entanto, é importante entender que nem todas as dores são iguais. Se classificarmos a dor pelo tempo do início dos sintomas, podemos classificá-la como: dor aguda e dor crônica. Esses dois tipos de dor são distintos em muitos aspectos, incluindo sua causa, duração e tratamento.

 

A dor é definida como uma sensação desagradável e associada a uma experiência emocional relacionada a um dano tecidual real ou potencial.

 

Podemos esquematicamente classificar a dor também baseada em sua origem:

  • dor inflamatória
  • dor neuropática
  • dor disfuncional

Embora este tipo de classificação esquematize e facilite a nossa abordagem clínica no tratamento da dor, existe uma grande variabilidade interindividual na resposta de analgésicos quando administrados aos pacientes.

 

O que é Dor Aguda?

 

A dor aguda é a mais comum e geralmente é causada por lesões ou doenças temporárias. É uma resposta natural do corpo a alguma forma de dano, alertando-nos de que algo não está certo. A dor aguda é muitas vezes descrita como uma sensação afiada, intensa e localizada. Ela tende a durar um curto período e geralmente desaparece assim que a causa subjacente é tratada.

 

Principais Características da Dor Aguda

 

  • Apresenta uma causa definida: A dor aguda é tipicamente causada por lesões, como cortes, queimaduras, fraturas, ou por doenças temporárias, como infecções.
  • Início dos sintomas: A dor aguda começa repentinamente e está diretamente relacionada à causa subjacente.
  • Tempo de Duração: Geralmente, a dor aguda é de curta duração, durando apenas alguns dias a semanas.
  • Sintomas Associados: Pode haver sintomas como inflamação, inchaço e vermelhidão no local da lesão ou características associadas específicas da doença de base.
  • Tratamento direcionado: O tratamento visa resolver a causa subjacente da dor e pode incluir medicamentos para aliviar a dor temporariamente. Além disso, atualmente, muitos estudos sobre dor aguda buscam minimizar sua cronicidade. Principalmente, quando se fala de dor pós-operatória. Diversas estratégias terapêuticas são utilizadas na anestesia e na analgesia pós-operatória visando a prevenção da dor crônica. Vários estudos genéticos sobre dor, na última década, buscaram verificar se é possível explicar a variabilidade entre os indivíduos na percepção da dor, na resposta a medicamentos analgésicos e o risco de desenvolvimento de síndromes de dor crônica.

 

Quando os mecanismos fisiopatológicos da dor aguda,  bem como,  os  seus mecanismos de perpetuação forem bem compreendidos, muito provavelmente, poderemos prevenir de forma mais efetiva a dor crônica, além de sermos mais assertivos no seu tratamento a longo prazo.

 

O que é Dor Crônica?

 

Ao contrário da dor aguda, a dor crônica é de longa duração e persiste por meses, anos ou mesmo indefinidamente. A dor crônica geralmente está associada a condições médicas subjacentes, cirurgias, traumas, tratamentos oncológicos, doenças reumatológicas como a artrite, fibromialgia ou lesões nervosas.

Ela pode ser mais difícil de diagnosticar e tratar do que a dor aguda, sendo frequentemente acompanhada por uma variedade de sintomas físicos e emocionais.

A nocicepção repetitiva parece ser um dos possíveis mecanismos de perpetuação da dor crônica; definida como um estímulo doloroso ou agravo doloroso, resultante de respostas inflamatórias e neuropáticas a substâncias nocivas, causando uma cascata de efeitos bioquímicos, estruturais e alterações em várias vias da dor. Como resultado, ocorre uma sensibilização da periferia e do Sistema Nervoso Central, impedindo com que a dor seja inibida após a cessação da lesão.

 

Principais Características da Dor Crônica

 

  • Causa: A dor crônica é frequentemente multifatorial, secundaria a condições médicas subjacentes, como traumas, doenças crônicas, lesões nervosas ou desordens do sistema nervoso.
  • Início: A dor crônica pode se desenvolver gradualmente ao longo do tempo, e a causa subjacente pode não ser imediatamente aparente ao paciente.
  • Duração: A dor crônica persiste por um período prolongado, apresenta como definição estar presente por mais de três meses.
  • Sintomas Associados: Além da dor, a dor crônica muitas vezes está associada a sintomas emocionais, como depressão, ansiedade, insônia, fadiga e perda de apetite. Pode também estar acompanhada de sintomas neuropáticos, como formigamentos, alteração de sensibilidade local: térmica (ao calor ou ao frio) e ao toque, por exemplo.
  • Tratamento: O tratamento da dor crônica é frequentemente focado no gerenciamento do controle doss sintomas e na melhoria da qualidade de vida, utilizando uma combinação de terapias, incluindo fisioterapia, medicamentos e terapias alternativas. A melhor forma de atenuar a intensidade dos sintomas consiste em  iniciar o seu tratamento o mais precoce possível.

 

Diferenças-Chave entre Dor Aguda e Dor Crônica

 

A fisiologia por trás da dor aguda é complexa e o processo dos muitos mecanismos em ação, para evitar a percepção sustentada aberrante que abalos nocivos e, os diferenciar da percepção de estímulos não nocivos, ocasionando dor.

No caso da dor crônica, ocorreram alterações nos processos homeostáticos que levam à percepção de dor, mesmo após a remoção de um insulto nocivo.  Os mecanismos que levam a informação dolorosa estão sensibilizados, perpetuando os sintomas dolorosos, mesmo após o agente causador da dor estar controlado ou não estar mais presente.

Agora que entendemos as definições de dor aguda e dor crônica, vamos destacar algumas das principais diferenças entre esses dois tipos de dor:

  • Causa e Início: A dor aguda é geralmente causada por lesões ou doenças temporárias e começa repentinamente, enquanto a dor crônica está relacionada a condições médicas subjacentes e pode se desenvolver ao longo do tempo.
  • Duração: A dor aguda é de curta duração, normalmente resolvendo-se quando a causa é tratada, enquanto a dor crônica persiste por um longo período.
  • Tratamento: O tratamento da dor aguda visa resolver a causa subjacente, enquanto o tratamento da dor crônica é focado no gerenciamento dos sintomas e na melhoria da qualidade de vida.

Tratar a dor aguda de maneira adequada também previne que a dor crônica e, cada vez mais, está sendo alvo de estudos e pesquisas clínicas. Já que somente identificando quais são os fatores de risco para uma dor aguda, se tornar crônica, poderemos atuar de forma mais assertiva e eficaz no combate a dor crônica.

 

Considerações Finais

 

Em resumo, a dor é uma experiência universal, mas existem diferenças significativas entre a dor aguda e a dor crônica. A dor aguda é geralmente causada por lesões ou doenças temporárias, começa repentinamente e é de curta duração. Por outro lado, a dor crônica está associada a condições médicas subjacentes, persiste por um longo período e pode ter um impacto significativo na qualidade de vida do paciente.

É importante reconhecer e entender essas diferenças, pois o tratamento da dor aguda difere do tratamento da dor crônica. Para pessoas que sofrem de dor crônica, o gerenciamento dos sintomas e o apoio emocional desempenham um papel crucial na busca de uma melhor qualidade de vida. Em ambos os casos, a consulta a um profissional de saúde é fundamental para o diagnóstico e tratamento adequados. Se você está enfrentando dor aguda ou crônica, lembre-se de que a busca de ajuda médica é sempre a melhor abordagem. A dor é um sinal do corpo de que algo não está certo, e o tratamento apropriado pode ajudar a aliviar o desconforto e melhorar sua qualidade de vida.

Artigos científicos sobre o assunto:

 

Allegri M, Clark MR, De Andrés J, Jensen TS. Acute and chronic pain: where we are and where we have to go. Minerva Anestesiol. 2012 Feb;78(2):222-35. Epub 2011 Nov 18. PMID: 22095106.

Fregoso G, Wang A, Tseng K, Wang J. Transition from Acute to Chronic Pain: Evaluating Risk for Chronic Postsurgical Pain. Pain Physician. 2019 Sep;22(5):479-488. PMID: 31561647.

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Dra. Giana Kühn
A Dra. Giana Flávia Kühn é uma neurocirurgiã especializada em neurocirurgia funcional e tratamento de dores crônicas. Dra. Giana se dedica a oferecer cuidados de alta qualidade utilizando técnicas avançadas e inovadoras. Com um compromisso constante com a atualização e o aprendizado, ela visa proporcionar alívio duradouro e melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Atualmente, atende em São Paulo, onde oferece um atendimento humanizado e personalizado.
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A Dra. Giana Flávia Kühn é uma neurocirurgiã especializada em neurocirurgia funcional e tratamento de dores crônicas. Dra. Giana se dedica a oferecer cuidados de alta qualidade utilizando técnicas avançadas e inovadoras. Com um compromisso constante com a atualização e o aprendizado, ela visa proporcionar alívio duradouro e melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Atualmente, atende em São Paulo, onde oferece um atendimento humanizado e personalizado.

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