A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que caracterizada por sintomas motores como a lentidão do movimento, rigidez, tremores e desequilibrio e, sintomas não motores, como a alterações…
A Doença de Parkinson (DP) é uma doença neurodegenerativa que caracterizada por sintomas motores como a lentidão do movimento, rigidez, tremores e desequilibrio e, sintomas não motores, como a alterações cognitivas, transtorno de ansiedade, transtornos do sono e alterações de humor.
Muito se fala sobre os benefícios do uso de cannabis medicinal na DP, porém sua comprovação científica ainda não foi mostrada em estudos de qualidade.
As pesquisas avaliam a melhora de sintomas motores e não motores, dos pacientes de forma separada, divergem na metodologia de análise, no tempo de doença do paciente, no tempo de uso do produto, que apresentam diversas origens e concentrações diferentes. E até o momento, não existe uma dose padronizada de produtos derivados da cannabis parao tratamento adjuvante da DP.
Existe uma provável resposta do canabidiol nos sintomas não motores da doença como: a depressão, a dor e os distúrbios do sono, relacionados a DP. Apesar dos pacientes com DP relatarem que o uso de canabidiol possa reduz os tremores, eles raramente relatam alterações em outros sintomas motores da doença. Ainda faltam estudos de qualidade que avaliem os sintomas motores ao uso de produtos derivados da cannabis medicinal, e que determinem qual seria o melhor momento da doença para que estes produtos sejam iniciados.
Os estudos que mostram a percepção dos pacientes sobre o uso de produtos derivados da cannabis medicinal, relatam diversas formulações de CBD e THC utilizadas, distintas apresentações de produtos ( óleos, cápsulas e produtos vaporizados e inalados ) e diversas dosagens utilizadas. Um questionário americano publicado, recentemente, relata que os pacientes com PD que utilizam a cannabis medicinal apresentam melhorias no sono, ansiedade, agitação e dor como os sintomas principais de melhora em pelo menos 50% dos entrevistados.
Sobre os efeitos adversos ao uso da cannabis medicinal, nos pacientes com Parkinson, os mais relatados foram : boca seca, tontura, comprometimento cognitivo, aumento de apetite ou peso, sonolência diurna, desequilíbrio, fadiga, palpitações, apatia e alucinações. E mais de 10% dos entrevistados neste mesmo questionário endossam piora dos sintomas da DP com o uso de cannabis.
Atualmente, existem estudos científicos em andamento sobre o uso da cannabis no tratamento da doença de Parkinson, mas os resultados ainda são inconclusivos. Embora haja relatos anedóticos de pessoas com Parkinson que afirmam obter benefícios do uso da cannabis, a falta de estudos científicos de alta qualidade dificulta a obtenção de evidências sólidas sobre sua eficácia.
A pesquisa em torno do tema, os efeitos da cannabis no tratamento de doenças neurológicas, como o Parkinson, está em estágios iniciais e, existem várias questões que precisam ser investigadas. Os estudos clínicos rigorosos são necessários para determinar a eficácia, dosagem adequada, possíveis efeitos colaterais e interações com outros medicamentos.
Embora alguns estudos preliminares tenham sugerido que certos componentes da cannabis, como o canabidiol (CBD), possam ter propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, é necessário realizar mais pesquisas para compreender os mecanismos envolvidos e o potencial terapêutico da cannabis no tratamento do Parkinson.
Muito provavelmente os sintomas não-motores do Parkinson sejam os que o uso da Canabidiol apresente mais resultados. É importante ressaltar que, mesmo que a eficácia da cannabis no tratamento do Parkinson seja comprovada por estudos futuros, é fundamental consultar um médico especialista antes de iniciar qualquer tipo de tratamento, pois eles poderão avaliar a situação individualmente e orientar sobre as opções mais adequadas disponíveis.
Não é recomentado suspender os medicamentos utilizados rotineiramente na DP e trocá-los por derivados de cannabis medicinal, caso seja necessário o uso destes produtos, os tratamentos devem ser mantidos em conjunto.
Fontes sobre o assunto:
Bahji A, Breward N, Duff W, Absher N, Patten SB, Alcorn J, Mousseau DD. Cannabinoids in the management of behavioral, psychological, and motor symptoms of neurocognitive disorders: a mixed studies systematic review. J Cannabis Res. 2022 Mar 14;4(1):11. doi: 10.1186/s42238-022-00119-y. PMID: 35287749; PMCID: PMC8922797.
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Leehey MA, Liu Y, Hart F, Epstein C, Cook M, Sillau S, Klawitter J, Newman H, Sempio C, Forman L, Seeberger L, Klepitskaya O, Baud Z, Bainbridge J. Safety and Tolerability of Cannabidiol in Parkinson Disease: An Open Label, Dose-Escalation Study. Cannabis Cannabinoid Res. 2020 Dec 15;5(4):326-336. doi: 10.1089/can.2019.0068. PMID: 33381646; PMCID: PMC7759259.