A plagiocefalia é uma alteração no formato dos ossos do crânio do bebê.
Existem dois tipos de plagiocefalia:
Plagiocefalia posicional: causa mais frequente de assimetria craniana, que não é acompanhada de craniestenose, já que as suturas cranianas estão abertas e palpáveis no exame físico. A plagiocefalia posicional, como nome diz , é um “vício” de posicionamento da cabeça do bebê. Inicialmente, observamos que a parte posterior da cabeça está “retinha” de um lado!
Plagiocefalia verdadeira: menos frequente, que está associada a craniestenose, que é o fechamento precoce de alguma sutura craniana. As suturas cranianas são os espaços entre os ossos do crânio, que possibilitam o crescimento da cabeça do bebê. Nas suturas cranianas encontramos as fontanelas, que são popularmente conhecidas, como a “moleiras do bebê” e devem estar presentes na cabeça da criança, que está em desenvolvimento e crescimento cefálico.
O que a plagiocefalia posicional parece mais frequente?
Desde que a Sociedade Americana de Pediatria em 1980, preconizou o posição prona, ou seja de barriga para cima, para o bebê dormir, no intuito de prevenir a morte súbita por sufocamento, o que reduziu as chances de mortes súbitas nos bebês em 40%, aumentou-se também o número de casos de plagiocefalia em 600%.
Quais os fatores de risco para a plagiocefalia posicional?
- Primeiro parto
- Trabalho de parto assistido
- Gravidez múltipla
- Malformação congênita
- Prematuridade
- Meninos
- Torcicolo muscular congênito
- Permanência na posição prona por períodos prolongados
Porque acontece a plagiocefalia posicional?
Manter o bebê na mesma posição causa o achatamento da parte da cabeça voltada para a região posterior e a parte superior da face começa a achatar a partir daí pelo efeito da gravidade. Ambos os lados da cabeça se deformam gradualmente, levando a um formato de assimetria da cabeça.
Quando uma parte do crânio se torna plana, a cabeça do bebê vira naturalmente para este lado plano e é puxada pela gravidade. O grau de achatamento piora gradualmente durante os primeiros 5-6 meses após o nascimento. O formato da cabeça também é conhecido como um paralelograma.
Consequentemente as posições da orelha, mandíbula e fossa ocular mudam, que em casos graves leva a uma assimetria facial associada! Mas a assimetria diminui naturalmente quando o bebê começa a se mover, mudar a posição durante o sono e quando fica em pé!
A deformidade pode ser corrigida naturalmente em poucos meses, mas o grau de correção varia conforme a gravidade da assimetria.
Como é feito o diagnóstico de plagiocefalia?
O bebê precisa passar em uma avaliação especializada, de preferência com um neurocirurgião. Pelo exame neurológico, palpação e medidas do diâmetro do perímetro cefálico e diâmetro da cabeça, podemos fazer este diagnóstico!
Os exames de imagem ficam reservados para quando a suspeita de fechamento precoce de sutura ou pela dificuldade da palpação das fontanelas cranianas.
Podemos solicitar, nestes casos, inicialmente, um ultrassom transfontanelar de crânio para avaliação das suturas cranianas, e reservamos a tomografia computadorizada de crânio com reconstrução 3D para casos de forte suspeita de cranioestenose associada!
Como saber se a plagiocefalia é leve, moderada ou severa?
As medidas das dimensões cranianas são importantes para a avaliação da plagiocefalia.
Assimetria apresentam diferenças de dimensões de 9mm, 12mm e acima de 12 mm são classificadas como leves, moderadas e severas, respectivamente.
O escaneamento craniano é uma boa ferramenta para a avaliação destas graduações!
Tratamento da plagiocefalia posicional
Antes dos 4 meses:
- Mudanças de postura
- Fisioterapia para o torcicolo congênito
4-6 meses:
- Casos leve a moderados: mudanças posturais
- Severos: órtese craniana
Mais de 6 meses:
- Leves a moderados que não melhoraram com as mudanças posturais : órtese craniana
- Severos : órtese craniana
Recomendações sobre a órtese craniana:
Não é recomendado uso de órteses cranianas após os 18 meses de idade, não temos evidência de melhora nesta idade, pois a cabeça apresenta maior crescimento do seu tamanho antes dos primeiros 12 meses de vida e posteriormente este crescimento vai desacelerando.
Os bebês devem usar entre 20-23 horas por dia;
Se recomenda o seu uso do capacete por um período de 2-6 meses;
Complicações do uso da órtese craniana:
- Correção inadequada
- Perda de cabelo no local que se aplica a pressão na cabeça
Fonte:
Jung BK, Yun IS. Diagnosis and treatment of positional plagiocephaly. Arch Craniofac Surg. 2020 Apr;21(2):80-86. doi: 10.7181/acfs.2020.00059. Epub 2020 Apr 20. PMID: 32380806; PMCID: PMC7206465.