Uma das causas mais frequentes das consultas com o neurocirurgião são as fraturas da coluna vertebral. As fraturas podem ser causadas por traumas diretos e indiretos na coluna vertebral. Mas também podem estar relacionados a fragilidade óssea, ou seja, pela fraqueza ossea relacionada a doenças que causem osteopenia ou osteoporose.
Entendendo as fraturas espontâneas e ou fragilidade óssea
Mecanismos de baixo impacto de energia: como quedas da própria altura, escorregões, solavancos no ônibus, maus jeitos posturais, cavalgar, alongamentos podem desencadear fraturas em pacientes que apresentem fragilidade óssea. Geralmente os pacientes não relacionam os eventos causadores as fraturas. Os fatores de risco para o desenvolvimento de fraturas espontâneas são:
Osteoporose:
Causa comum de fraturas, principalmente em mulheres pós-menopausa. Sua localização mais comum é na coluna dorsal.
Câncer:
Diversos tipos de tumores podem estar relacionados a fraturas ósseas na coluna vertebral. Ou pelo fato do tratamento ou doença oncológica de base causar osteoporose ou pelo fato da tumor causar lesoes secundárias ou seja metastases ósseas.
Fraturas por traumatismos de alta energia
São causa comum de fraturas em pacientes jovens, geralmente está relacionada a mecanismos de cinemática grave, acidentes ocasionados a impactos de grande energia:
- acidentes de automobilísticos
- acidentes motociclísticos
- queda de grandes alturas
- atropelamentos
- ferimentos por arma branca ou arma de fogo
- esportes de impacto
A avaliação médica precoce dos sintomas após um acidente grave é fundamental para o diagnóstico correto de uma fratura de coluna. Além de ser a melhor forma e evitar ou agravar sequelas neurológicas do paciente. Pacientes que apresentem dor em alguma região da coluna vertebral devem realizar tomografia computadorizada.
A tomografia computadorizada da coluna vertebral, do segmento doloroso, (seja cervical, torácico ou lombossacro),é o principal exame a ser solicitado no trauma, já que nem sempre a radiografia da coluna, consegue atingir uma avaliação de qualidade, pois é dependente da técnica de realização e do peso do paciente para a imagem ser satisfatória.
Pacientes que apresentem déficits neurológicos- perda de força em algum membro, acendem uma bandeira vermelha, na necessidade de ressonância magnética de coluna e a avaliação do neurocirurgião. Neste caso estamos diante de uma emergência neurológica.
Tratamento das fraturas de coluna vertebral
Identificada a fratura, precisamos avaliar se a porção da vértebra acometida, é responsável pela estabilidade da coluna ou não.
Lesões que causem instabilidade da coluna vertebral, violem ou comprimam estruturas nobres como a medula ou as raízes nervosas devem ser tratadas cirurgicamente com a descompressão medular e ou radicular, estabilização e artrodese da coluna – fusão das vértebras com parafusos e hastes de titânio.
Fraturas de coluna consideradas estáveis, sem instabilidade, mas que causem dor refrátaria de forte intensidade e incapacitante, também devem ser tratadas cirurgicamente. Utilizando procedimentos menos invasivos com o uso de cimentos ósseos no corpo vertebral por cifoplastia ou vertebroplastia podemos otimizar o controle da dor de forma satisfatória.
Fraturas de coluna de causa oncológica, relacionadas a tumores, precisam ser avaliadas em conjunto com a equipe de oncologia. A avaliação completa do paciente se faz necessária, com um novo estadiamento oncológico, assim que descoberta a fratura de coluna. O tratamento deve ser focado na resposta do tumor as terapias oncológicas em conjunto com a necessidade de estabilização da coluna e descompressão de estruturas nobres relacionadas a lesão, além do controle da dor e melhora da mobilidade do paciente.
Felizmente, a grande maioria das fraturas consideradas estáveis são tratadas apenas com medicamentos para dor, repouso relativo e coletes ortopédicos, sem a necessidade de uma intervenção cirúrgica, mas devem ser acompanhadas de perto por um neurocirurgião.