A dor é uma característica encontrada em diversas doenças.
Na oncologia, ela pode estar presente em vários momentos na história da doença do paciente:
- no diagnóstico de um câncer;
- pode estar relacionada ao tratamentos utilizados para combater a doença: após cirurgias, quimioterapia ou radioterapia;
- pode ser sintoma de recidiva da doença (quando o câncer retorna durante o acompanhamento da doença);
- pode estar presente com uma intensidade de moderada a grave, na fase do câncer que o cuidado essencial é prioritário ao tratamento curativo ( em fases mais avançadas da doença);
- associada ou potencializada por outras doenças: dor pós- herpética , dor relacionda ao HIV, neuropatica periférica relacionada ao Diabetes Mellitus, por exemplo.
Dor neuropática no Câncer
A dor neuropática no câncer pode estar relacionada a invasão tumoral ou compressão das estruturas nervosas, mas também pode ser um sintoma da toxicidade neural aos tratamentos como quimioterapia e ou radioterapia. Sua prevalência gira em torno de 40% em todos os tipos de câncer.
Alguns exemplos deste tipo de dor são as plexopatias, as radiculopatias e as neuropatias periféricas, entre outras categorias.
Os sintomas característicos da dor neuropática são diferentes da dor nociceptiva (aquela dor que melhora com uso de analgésicos, anti-inflamatorios e derivados da morfina , os opióides).
A dor neuropática pode ser descrita como uma queimação, um choque elétrico, um formigamento ou uma dormência ou fraqueza muscular. No exame físico, o paciente pode apresentar alodinia: dor a estímulos que não causam dor, como a dor ao toque da pele que é uma característica deste tipo de dor.
Seu tratamento é complexo, apenas o uso de opióides não constumam ter uma bom efeito neste perfil de dor, que necessita a associação de anti-depressivos e anti- convulsivantes entre outros medicamentos.
Alguns casos irão se beneficiar inclusive de tratamentos cirúrgicos para o controle da dor.
Este tipo de dor pode estar associada a duas outras forma de dor no câncer : A dor somática e a dor visceral.
Dor oncológica de difícil controle
Pacientes com dores oncológicas de difícil controle, podem se beneficiar de vários procedimentos para controle da dor.
Os procedimentos são individualizados, dependendo do mecanismo da dor e suas características, sempre levando em conta a expectativa de vida da doença e as comorbidades dos pacientes.
O neurocirurgião funcional é o profissional responsável manejar os pacientes oncológicos que não respondem aos medicamentos e terapias tradicionais, ministrados pela equipes clínicas de oncologia e cuidados paliativos.
As dores relacionadas as metástases ósseas são um subtipo comum de dor oncológica, podem ser difusas ou localizadas.
Se localizadas – alguns procedimentos invasivos podem ser utilizados, com um bom controle análgesico. As dores relacionadas as fraturas patológicas da coluna vertebral que não apresentem invasão do canal vertebral podem ser tratadas com o uso de cimento ósseo pela técnica de cifoplasia ou vertebroplastia.
Existem basicamente dois tipos de procedimentos que podem ser utilizados: a neuromodulação invasiva e os procedimentos ablativos.
Pacientes que apresentam uma dor bem localizada, que não estejam em fases de terminalidade da doença pode ser bons candidatos a neuroestimulação medular (SCS) ou neuroestimulação do gânglio da raiz dorsal (DRG).
https://dragianakuhn.com.br/estimulador-medular-indicacoes-medicas/
Pacientes com dores difusas, com boa resposta a medicamentos análogos a morfina, porém que apresentem muitos efeitos colaterais com o uso de comprimidos ou adesivos, podem ser bons candidatos a bomba de infusão de fármacos ( para uso morfina intratecal), deste que apresentem condições anatômicas para o seu implante. O cateter da bomba geralmente é instalado dentrodo espaço raquimedular, no canal vertebral.
https://dragianakuhn.com.br/bomba-de-infusao-de-farmacos/
Os procedimentos ablativos para dor (quando o neurocirurgião lesa a via que leva a informação dolorosa para um órgão), são indicados quando outras possibilidades cirúrgicas não estão mais disponíveis, aumentam a qualidade de vida dos pacientes que estejam em processo de terminalidade da sua doença, diminuindo o seu sofrimento doloroso, o tempo de internação para controle analgésico e as idas ao pronto- socorro, nos períodos de agudização da dor.
Os procedimentos ablativos pode ser realizados de maneira percutânea, na grande maioria das vezes.
A lise do plexo celíaco é muito utilizada no controle da dor tipo visceral, em pacientes com tumores pancreáticos.
Podemos utilizar substâncias neurolíticas para lesar as estruturas nervosas como o álccol absoluto ou o fenol, ou podemos utilizar a radiofrequência térmica para a realização destas lesões, a depender da região e das estruturas que envolvem está região anatômica.
Referências científicas:
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC6234399/pdf/kjim-2018-162.pdf
Sindt JE, Brogan SE. Interventional Treatments of Cancer Pain. Anesthesiol Clin. 2016 Jun;34(2):317-39. doi: 10.1016/j.anclin.2016.01.004. PMID: 27208713.