Como é o Funcionamento da Pressão Cerebral?
A pressão cerebral está relacionada ao fluxo cerebral, depende da pressão de perfusão cerebral e da pressão arterial média do organismo.
É importante entender a dinâmica de funcionamento cerebral, para entender os mecanismos que geram as lesões cerebrais devido o aumento da pressão intracraniana.
A doutrina de Monro-Kellie afirma que o volume intracraniano permanece inalterado devido às limitações impostas pelo crânio, que funciona como uma caixa fechada; portanto, a soma dos volumes do líquido cefalorraquidiano (o líquor-LCR), do cérebro, e do sangue intracraniano (venoso e arterial) atuam em equilíbrio para que funcionamento cerebral seja regulado.
Porém, quando ocorre um aumento em qualquer um dos três componentes desencadearia uma diminuição nos outros componentes e uma diferença de pressão surgiria.
Existem mecanismos de segurança que chamamos de complacência cerebral que é a capacidade cerebral de manter o seu funcionamento até um limite de pressão. Essa capacidade de reserva, quando se esgota, a pressão cerebral pode aumentar rapidamente. Assim, os possíveis danos cerebrais causados por tal alteração pode ser estimados utilizando a PIC (Medidas de Pressão Intracraniana).
Como é possível monitorizar a pressão cerebral?
Existem ondas cerebrais que funcionam como pulsos, estes pulsos representam a dinâmica cerebral. A primeira onda cerebral chama-se P1, ela representa a entrada de sangue na circulação cerebral na sístole, a segunda onda cerebral chama-se P2 e representa como os fluidos circulam no encéfalo na diástole, e a terceira onda chama-se de P3 e representa como o sangue retorna ao sistema circulatório, chamado retorno venoso.
Quando temos aumento da pressão intracraniana em níveis hipertensivos, temos perda da complacência cerebral isso pode acontecer quando há um aumento do volume cerebral ocasionado por exemplo quando há uma hemorragia cerebral ou pelo aumento do líquor por hidrocefalia, o que pode gerar danos neurológicos. Assim, pacientes com lesões agudas tem indicação de monitorização da pressão intracraniana.
Existem duas formas de monitorizar a pressão intracraniana: de maneira invasiva e não invasiva.
A maneira invasiva de monitorizar a pressão intracraniana, exige o implante de cateteres intracranianos que necessitam intervenção cirúrgica para a sua inserção, ou por meio de um procedimento invasivo na coluna lombar, a punção lombar que consegue utilizar um aparelho de raquimetria para avaliar a pressão do LCR, utilizada em alguns casos.
O implante de cateteres de PIC apesar de serem o padrão-ouro de monitorizar a pressão intracraniana exigem intervenções cirúrgicas, apresentam riscos de infecções e sangramentos cranianos.
A maneira não invasiva pode utilizar alguns métodos de aplicação, um dos métodos não invasivos que temos disponíveis é uma tecnologia brasileira: chamada brain4care, que consegue captar as ondas do fluxo cerebral (P1, P2 e P3) e transformar em métricas que estimam o risco de hipertensão intracraniana. A tecnologia brasileira é aprovada pela ANVISA e pelo FDA e pode ser utilizada como uma ferramenta na tomada de decisões no consultório médico e em ambiente hospitalar.
Qual a importância da monitorização da pressão intracraniana?
Geralmente, monitorizamos a pressão cerebral em doenças neurológicas agudas, em pacientes com rebaixamento do nível de consciência, como acidentes cerebrais hemorrágicos, traumatismos cranianos em ambiente de Terapia Intensiva.
Utilizamos a medida da PIC, para auxiliar na tomada das decisões clínicas e ou cirúrgicas em doenças com riscos de lesões cerebrais. Porém, nesta fase, já temos a hipertensão incraniana estabelecida, e não conseguimos atuar nas doenças de forma preventiva, mas conseguimos tomar decisões minimizar sequelas neurológicas permanentes.
Mas o uso da monitorização não invasiva nos trouxe outro questionamento, a atuação preventiva, antes de uma doença causar lesões permanentes.
É possível avaliar pressão intracraniana antes de termos uma doença neurológica estabelecida de maneira preventiva?
Sim é possível, está tecnologia já está disponível e funcionam como um exame que registra medidas úteis para a análise neurológica de algumas doenças onde existe chances de hipertensão intracraniana ou dúvidas sobre as seus sintomas e a necessidade de tomada de decisões.
Avaliando a pressão intracraniana de forma não invasiva no consultório médico e a sua importância em termos práticos
Para que a dinâmica cerebral funcione de maneira equilibrada, o P1 deve ser sempre maior que P2. Quando comparamos como a PIC- a medida de pressão intracraniana se relaciona com as ondas de P1/ P2 conseguimos estimar o momento que existem alterações das curvas P1/ P2 que modificam a complacência cerebral, antes que se alterada o volume cerebral e apresentarmos dados neurológicos.
O uso da monitorização não invasiva possibilita uma complementação da análise de exames de imagem associado a uma medida fisiológica individual.
Desta forma, pessoas com dores de cabeça, zumbidos, tonturas podem estimar o risco de aumento da pressão intracraniana em situações neurológicas específicas como:
- hidrocefalia obstrutiva
- hidrocefalia de pressão normal
- hidrocefalia na mielomeningocele
- malformações de chiari
- hipertensão intracraniana idiopática
- cisto aracnoide
- hemorragias cerebrais
- acompanhamento pós-cirurgia em pessoas com válvula de DVP ou ventriculostomia
- tumores cerebrais
- dentre outras possibilidades
Considerações Finais
A monitorização de pressão intracraniana Brain4Care consegue avaliar sintomas neurológicos relacionados a doenças com risco de aumento de pressão intracraniana com o uso de um dispositivo que lê as ondas do fluxo cerebral e consegue estimar riscos de hipertensão intracraniana que foram cientificamente comprovados em estudos sobre o tema em pacientes neurocirúrgicos e neurológicos.
É uma excelente ferramenta de análise complementar em casos em que existem dúvidas sobre pacientes apresentarem riscos de hipertensão intracraniana, e a possibilidade de uma atuação mais precoce.
Está tecnologia está disponível na Clínica Kühn. Informações abaixo:
Referências sobre o assunto:
Müller SJ, Henkes E, Gounis MJ, Felber S, Ganslandt O, Henkes H. Non-Invasive Intracranial Pressure Monitoring. J Clin Med. 2023 Mar 13;12(6):2209. doi: 10.3390/jcm12062209. PMID: 36983213; PMCID: PMC10051320.
Frigieri G, Gonçalves TL, Ocamoto GN, de Ap Andrade R, de Padua BC, Cardim D. Clinical Performance of the Brain4care System for Noninvasive Detection of Intracranial Hypertension. Neurocrit Care. 2025 Oct;43(2):628-635. doi: 10.1007/s12028-025-02273-6. Epub 2025 Apr 28. PMID: 40293697; PMCID: PMC12436508.
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