Bomba de infusão de fármacos (Eletrônica)

O que é uma bomba de infusão de fármacos?

 

É um dispositivo interno que funciona como um reservatório de medicamentos para uso intratecal, para agir  diretamente no líquido espinhal.

O modelo mais utilizado, deste tipo de dispositivo, que permite ajuste de doses, é a bomba eletrônica Synchromed II.

Ela é fabricado exclusivamente pela empresa Medtronic, sendo o único dispositivo eletrônico com reservatório de fármacos, utilizado no mundo atualmente.

 

Para que serve uma bomba de infusão de fármacos?

 

Serve como reservatório de fármacos, que leva o medicamento diretamente ao sistema nervoso central, sendo considerada uma forma de tratamento da dor conhecida como Neuromodulação Farmacológica.

Utilizada exclusivamente para medicamentos que necessitem ser administrados pela via intratecal, ou seja, no espaço subaracnóideo, diretamente no liquido espinhal.

As duas medicacoes mais utilizadas nesta via são a morfina e o baclofeno.

A bomba de infusão de fármacos é uma opção aos pacientes que estão em sofrimento, refratários as demais terapias.

Quando bem indicada, traz muita qualidade de vida aos pacientes.

 

Quais são as indicações para o implante de uma bomba de infusão de fármacos?

 

Pessoas que apresentem espasticidade severa, refratária ao uso de medicamentos via oral e toxina botulínica, que apresentaram a melhora após fase de teste com baclofeno intratecal.

Pessoas que apresentem espasticidade associada a distonia, indepente da doença neurologica causadora podem fazer uso desta terapia.

Pacientes oncológicos com dor refratária aos opióides por via oral e patch cutâneos, que apresentaram melhora com o uso da morfina intratecal ou peridural, e não toleram os efeitos colaterais de outras vias de administração de opioides.

Dores não oncológicas de difícil controle com boa resposta ao uso da morfina intratecal, ou seja via líquido espinhal, após um teste com punção lombar e aplicação do medicamento ( fase de teste) e que não tenham atingido controle da dor com outros tratamentos invasivos para dor, ou seja  neuromodulação invasiva.

 

Qualquer medicamento pode ser colocado dentro de uma bomba de infusão de fármacos?

 

Não!

Os medicamentos devem ser aprovados para uso intratecal, sendo seguros para está via de administração e que não tenham risco de danificar o dispositivo e possam ser utilizados de forma crônica e continua.

Baclofeno é o fármaco utilizado para a espasticidade.

Morfina é o fármaco mais utilizado para dor crônica.

Alguns outros fármacos podem ser utilizados por esta via, em associação a morfina, principalmente em casos de dor refratária, como a clodinina, o bupivacaina, porém o seu uso é considerado off label, e não seguem a recomendação do fabricante.

 

Cirurgia: Implante de bomba de infusão de fármacos como é realizada?

 

Realizado sob uso de anestesia geral, o paciente é posicionado em decúbito lateral, para que os cirurgiões tenham acesso a coluna e ao abdome.

Consiste em uma punção lombar guiada por radioscopia, passagem de um cateter internamente, no espaço raquimedular até a região cervical ou torácica, dependendo da localização da dor.

Após a passagem do cateter raquidiano e sua fixação nas estruturas musculares, ele é tunelizado pelo espaço subcutâneo e conectado ao reservatório, de 20ml ou de 40 ml, dependendo do tamanho do paciente.

O implante do reservatório  fica na porção abdominal anterior, abaixo da linha das costela, logo abaixo da pele no espaço subcutâneo. O paciente fica com duas cicatrizes, uma pequena na coluna lombar, e uma outra maior no abdome.

O tempo cirúrgico é de, aproximadamente, 2 -3 horas de procedimento, geralmente os pacientes dão alta hospitalar no dia seguinte ao procedimento.

Está cirurgia é autorizada pelas operadoras de saúde.

 

Diferenças entre a bomba intratecal e a bomba intraventricular

 

A bomba de infusão pode ter o cateter implantado via punção lombar e inserido até a região toracica ou cervical, chamamos de bomba intratecal;

Mas em alguns casos, onde não é possivel o acesso pelo canal espinhal na altura desejada.  Pessoas com distonia espástica, com componente de distonia cervical severa e  tetraespasticidade podemos implantar o catater via intraventricular.

O implante da bomba de infusão de fármacos via intraventricular, utiliza um cateter mais longo e é implantada com o auxilio da estereotaxia, um sistema de coordenadas fixada no crânio do paciente no dia da cirurgia, que perminte o implante do cateter na posição exata no terceiro ventrículo e a sua fixação.  A reservatório da bomba é implantado na mesmo local da bomba intratecal no abdome.

 

 

Como são feitos os ajustes de doses?

 

Os ajustes de doses são feitos no cosultório médico, de maneira presencial, com a necessidade da leitura do reservatório ao tablet da empresa fornecedora.

Podendo ser ajustada com doses diárias fixas, com mesma concentração ao longo do dia ou em modo flex, com bolus de diferentes doses ao longo do dia, além da dose de base.

Por isso, que a bomba eletrônica é a escolha dos médicos, pois ela facilita o ajuste de dose ideal para cada paciente.

Quais são os riscos do implante da bomba de infusão de fármacos?

 

Como qualquer procedimento cirúrgico existem riscos. Seconsiderarmos apenas o procedimento em si, as principais complicações relacionadas ao procedimento são:

  • Fístula liquórica contida:   quando o líquido espinhal sai da espinha ou do crânio e fica contido no espaço subcutâneo, abaixo da pele. Geralmente é uma complicação que se resolve com o passar do tempo e com o uso de bandagens.
  • Fistula liquórica aberta: quando o liquido espinhal ou do crânio drena pela pele, para fora da ferida operatória. É uma complicação cirúrgica que necessita de cirurgia de urgência para reparar e avaliar o motivo pelo qual o liquor está saindo do sistema, pode ser por quebra do cateter ou por algum orifício maior que o diamêtro do cateter que está fazendo o liquido sair que deve ser reparado.
  • Sangramento: apesar de ser infrequente pequenos sangramentos podem acontecer. Geralmente são acompanhados clinicamente pela equipe médica, caso sejam muito grandes são abordados cirurgicamente.
  • Deiscência de ferida operatória: é um termo médico para abertura das suturas. Devem ser avaliados de forma urgente pela equipe médica para avaliar gravidade. Podem ser um sinal indireto de falha na cicatrização e possível infecção.
  • Infecção de ferida operatória: é a compliacao mais temida e menos frequente. Em casos graves é necessário a retirada do sistema.

 

Como funciona o seguimento do paciente após ajuste da dose?

 

O seguimento consiste nos refils dos medicamentos, as recargas.

As recargas são programadas pela equipe médica de maneira eletiva e o tempo entre elas vai se tornando fixo, a depender da dose utilizada pelo paciente e o tempo de ação do fármaco, que varia de paciente para paciente.

Sim, os medicamentos devem ser trocados antes do seu término ou antes de perderem o seu efeito terapêutico.

Como estes medicamentos ficam armazenados internamente no corpo dos pacientes, a temperatura corpórea diminui sua validade.

Os refis de medicamentos variam conforme a necessidade e a doença de cada paciente.

A cada ajuste, o programador do equipamento, que é um tablet especial da empresa que fabrica o reservatório, se comunica, com a bomba do paciente, por bluetooth, e estima a quantidade de medicamento contida no reservatório, que presisa ser retirado, atualiza o tempo para o próximo refil,  após o novo abastecimento do fármaco utilizado.

Os medicamentos armazenados na bomba de infusão de fármacos, geralmente têm vida útil estimada teórica máxima de 4 meses (morfina) e 6 meses (baclofeno), ou seja, devem ser trocados antes deste período, para não perderem eficácia e antes de terminarem, para o paciente não apresente abstinência ao fármaco utilizado.  Mas, na prática, cada paciente sente o tempo da perda de eficácia do seu fármaco e, em conjunto com o seu médico, definem periodicidade de troca da medicação.

Os refis dos medicamentos são procedimentos rápidos, realizados em ambiente hospitalar, em regime hospital dia, os pacientes são liberados logo após o procedimento, não necessitando anestesia para a sua realização.

 

As bombas de infusão de farmacos são compatíveis  com Ressonância Magnética?

 

A bomba de infusão de fármacos eletrônica é compatível com a ressonância magnética de 1,5 tesla, o que não impede do paciente pode realizar o exame caso necessitar.

Mas enquanto o paciente estiver realizando o exame, a bomba não funciona, durante o tempo do exame, volta a funcionar automaticamente após o seu término.

Sempre que o paciente necessitar realizar uma ressonância magnética deve  avisar o seu médico e a fabricante para que um técnico da empresa cheque se o dispositivo voltou a funcionar automaticamente.

 

Porque a bomba de infusão de fármacos apita?

 

A cada recarga de medicamento, é realizado  um novo ajuste do dispositivo eletrônico, sempre que o paciente chega próximo ao final do medicamento, o dispositivo emite sons, tipo alarme, para alertar, conforme programação do médico o térmico da medicação.

O ideal é a realização do refil antes de soar o alarme do dispositivo, já que a bomba não pode ficar completamente vazia (de fábrica, ela vem abastecida com água destilada), sob o risco apresentar uma” pane seca”, que danifica de forma definitiva o dispositivo eletrônico da bomba.

Se a sua bomba estiver apitando contate a equipe que o acompanha com urgência.

 

A bomba eletrônica dura para sempre?

 

Não! Como qualquer outro dispositivo eletrônico implantado tem uma bateria interna com vida útil.

A bomba de infusão de fármacos eletrônica tem uma média de vida útil de 5 -9 anos, a depender da programação de cada paciente.

Deve ser trocado o reservatório eletrônico conforme a orientação da leitura de cada dispositivo.

O tablet que faz a programação do dispositivo, consta o mês e o ano da finitude da bateria do dispositivo, no seu relatório, quando se faz a leitura da bomba.

 

Posso realizar cirurgias após a instalação da bomba de fármacos?

 

Sempre que o paciente necessitar realizar qualquer procedimento cirúrgico deve informar o seu médico sobre isso. A bomba é de metal, qualquer metal dentro do corpo de um paciente pode conduzir energia. O uso do bisturi elétrico pode ser  um problema, a placa de aterramento do paciente de ser colocada em localização distante da bomba para evitar condução elétrica.

Quando a bomba infusão de fármacos deve ser retirada do paciente?

 

Na falha terapêutica, ou seja o paciente não se adaptou a medicamento utilizado a bomba pode ser retirada, porém a dose dos medicamentos deve ser reduzida de maneira gradual para evitar abstinência pela falta do medicamento, tanto o baclofeno como a morfina.

Nos casos de infecção da ferida operatória grave, que não melhorem com antibioticos, o que é algo bem infrequente, a bomba deve ser retirada.

A bomba eletrônica  também deve ser removida após a morte do paciente, quando for optado pela cremação. É importante informar o médico que implantou se tiver qualquer dúvida sobre isso.

 

Picture of Dra. Giana Kühn
Dra. Giana Kühn
A Dra. Giana Flávia Kühn é uma neurocirurgiã especializada em neurocirurgia funcional e tratamento de dores crônicas. Dra. Giana se dedica a oferecer cuidados de alta qualidade utilizando técnicas avançadas e inovadoras. Com um compromisso constante com a atualização e o aprendizado, ela visa proporcionar alívio duradouro e melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Atualmente, atende em São Paulo, onde oferece um atendimento humanizado e personalizado.
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Dra. Giana Kühn
A Dra. Giana Flávia Kühn é uma neurocirurgiã especializada em neurocirurgia funcional e tratamento de dores crônicas. Dra. Giana se dedica a oferecer cuidados de alta qualidade utilizando técnicas avançadas e inovadoras. Com um compromisso constante com a atualização e o aprendizado, ela visa proporcionar alívio duradouro e melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Atualmente, atende em São Paulo, onde oferece um atendimento humanizado e personalizado.

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