Tratamento Cirúrgico da Espasticidade em Pacientes com Paralisia Cerebral

 

A paralisia cerebral é uma alteração motora causada por uma lesão neurológica em um cérebro em desenvolvimento. Pessoas com paralisia cerebral apresentam lesões cerebrais em neurônios motores superiores ou também chamados neurônios motores primários, que são responsáveis pela fraqueza muscular ou pela contração muscular anormal.

 

A espasticidade  é o distúrbio motor mais frequente na paralisia cerebral, tem vários graus de apresentação e, quando  impede a execução do movimento, devido o aumento do tônus muscular (força que o músculo faz para realizar o movimento), e se torna contínua, impede a execução adequada do movimento bem como o relaxamento destes músculos deve ser tratada.

 

 

Tipos de contração muscular na Paralisia Cerebral

 

A contração muscular anormal pode gerar dois tipos de espasticidade: A espasticidade isolada e a espasticidade distônica.

espasticidade isolada apresenta como sintomas: o clônus, a retração dos flexores e os espasmos. A espasticidade distônica apresenta também além dos sintomas citados anteriormente, as contrações musculares e as reações associadas aos movimentos anormais.

As duas formas causam hipertonia e redução da amplitude do movimento, prejudicando a função motora do individuo, por causarem posturas anormais e deformidades ortopédicas fixas, que impedem a locomoção e motricidade.

Mas os seus tratamentos são diferentes!

 

Tratamentos Neurocirúrgicos para Espasticidade e Distonia na Paralisia Cerebral

 

Pacientes com componente espasticidade distônica, além das terapias de reabilitação como fisioterapia e a terapia ocupacional, podem ser tratados com medicamentos via oral, como o baclofeno, um antiespasmódico, tizanidina e tratamentos injetáveis intramusculares, como a toxina botulínica e o fenol, em cada segmento muscular envolvido.

Mas as formas graves que envolvem os quatro membros, um hemicorpo ou os membros inferiores, impedindo movimento, limitando desenvolvimento da motricidade ou mesmo limitando as atividades básicas de vida diária, como a higiene, o sentar-se, o deitar-se, preferimos a neuromodulação farmacológica, conhecida com bomba de infusão de fármacos – que utiliza o baclofeno em sua forma intratecal (absorvido diretamente no líquido espinhal) terapia contínua.

Quadros espásticos podem ser tratados com a bomba de infusão de fármacos, seja ela com implante no espaço intraventricular, para pacientes com espasticidade nos quatro membros, ou com impossibilidade da via de acesso pela coluna vertebral.  Ou no espaço intratecal (na coluna vertebral), para espasticidade, principalmente nos membros inferiores ou que envolvam músculos inervados pela região cervical baixa.

rizotomia dorsal superseletiva também é uma possibilidade terapêutica segura para quadros de membros inferiores e tem a vantagem de não precisar de ajustes e ser realizada em um único momento cirúrgico.

Quadros mais distônicos que espásticos que não se beneficiem da neuromodulação farmacológica, podem candidatos ao implante de eletrodo profundo (neuromodulação elétrica), a cirurgia do DBS (do inglês -Deep Brain Stimulation) e das palidotomias (lesão por corrente elétrica), que são cirurgias realizadas diretamente, nos pequenos núcleos envolvidos nos movimentos anormais no cérebro, como o globo pálido interno, impedindo ou diminuindo o movimento anormal distônico de acontecer.

O DBS necessita ajuste e programações, sendo conectado a um gerador interno. A palidotomia geralmente é realizada em dois tempos cirúrgicos diferentes, se a distonia se apresentar nos dois lados do corpo, ou realizada em um único tempo cirúrgico se a distonia for unilateral.

Nem sempre a diferenciação entre as formas de espasticidade é facilmente analisada e encontrada no exame clínico neurológico. Por vezes apenas quando diminuímos ou cessamos a espasticidade, a porção distônica se torna mais evidente.

O teste medicamentoso com baclofeno intratecal, diretamente no líquido espinhal é uma boa alternativa para avaliar como o movimento do paciente sem a espasticidade já que ele é um potente antiespasmódico quando atua diretamente no sistema nervoso central.

A avaliação do paciente com paralisia cerebral deve ser realizada em conjunto pelo fisioterapeuta, pelo fisiatra, pelo ortopedista pediátrico, pelo neurologista e pelo neurocirurgião funcional.

 

Saiba mais sobre este assunto:

https://dragianakuhn.com.br/tratamento-da-espasticidade-com-baclofeno-via-intratecal/

https://dragianakuhn.com.br/bomba-de-infusao-de-farmacos/

https://dragianakuhn.com.br/rizotomia-dorsal-superseletiva-a-cirurgia-da-espasticidade/

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Dra. Giana Kühn
A Dra. Giana Flávia Kühn é uma neurocirurgiã especializada em neurocirurgia funcional e tratamento de dores crônicas. Dra. Giana se dedica a oferecer cuidados de alta qualidade utilizando técnicas avançadas e inovadoras. Com um compromisso constante com a atualização e o aprendizado, ela visa proporcionar alívio duradouro e melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Atualmente, atende em São Paulo, onde oferece um atendimento humanizado e personalizado.
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Dra. Giana Kühn
A Dra. Giana Flávia Kühn é uma neurocirurgiã especializada em neurocirurgia funcional e tratamento de dores crônicas. Dra. Giana se dedica a oferecer cuidados de alta qualidade utilizando técnicas avançadas e inovadoras. Com um compromisso constante com a atualização e o aprendizado, ela visa proporcionar alívio duradouro e melhorar a qualidade de vida de seus pacientes. Atualmente, atende em São Paulo, onde oferece um atendimento humanizado e personalizado.

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